Deus criou o homem porque adora histórias. (E.Wiesel)
Espalhe amor por onde quer que vá : Primeiro que tudo na sua própria casa. Dê amor aos seus filhos, à sua esposa ou ao seu marido, ao vizinho do lado... Não deixe que alguém saia junto de si sem ir melhor e mais feliz. Seja a expressão viva da bondade de Deus ; bondade no seu rosto, bondade nos seus olhos, bondade no sorriso, bondade na sua saudação calorosa.
(Madre Tereza)


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os óculos de Deus

Morto, caminhava agora para o céu. Todo ele tremia. Quase tudo na sua vida era negro. Ansioso, procurava alguma coisa boa na sua longa vida de usurário. Bem vistas as coisas, que outra coisa era ele senão um ladrão de fato e gravata ? Ah, como agora via claro ! Mas era tarde. Tremia, mas acelerou o passo. O que tem que ser tem muita força. Quantos teriam morrido naquele dia ?... Que tamanho teria a fila de espera ?... Era melhor adiantar-se.
Mas, para seu espanto, não havia fila de espera. Melhor, não havia ninguém... nem sequer para o receber. Simplesmente as portas do céu estavam abertas de par em par; e não havia ninguém a vigiá-las. Gritou para dentro, batendo com força no portão. Mas ninguém respondeu. Aventurou-se, sem saber se devia... E entrou : estava no paraíso.
Sentiu-se bem, muito bem, realmente desejoso de ali viver toda a eternidade. Continuava sem ver ninguém. Mas, de pátio em pátio, de jardim em jardim, de sala em sala, cada vez foi penetrando mais no interior do céu; até que chegou ao escritório de Deus. Também com as portas abertas de par em par. Entrou. Deus não estava. Os olhos cairam-lhe em cima de uns óculos, sobre a secretária. Eram os óculos de Deus. Não resistiu à tentação ; colocou-os e deu uma espreitadela sobre o mundo. Por aqueles óculos via-se tudo, tudo claro, tudo transparente de luz. Lá estava o seu sócio... Apurou a vista. Nesse preciso momento o seu sócio estava e enganar uma pobre mulher viúva com um penhor que acabaria por a afundar na miséria pelos séculos dos séculos...
Então, nascido não sabia donde, um profundo desejo de justiça brotou do seu coração e tão forte era que, sem o pensar segunda vez, pegou no banquito que estava por debaixo da secretária e atirou-o fulminantemente sobre o seu sócio, matando-o logo ali.
Nesse momento ouviram-se vozes no céu. Mas era apenas Deus que chegava, com os arcanjos, os anjos os santos as virgens... , de uma saída matinal. Transbordavam a alegria celestial.
O nosso amigo sobressaltou-se. Tentou esconder-se, mas quem se esconde de Deus ? Porém Deus não estava irritado. Estava de bom humor, como sempre. Apenas lhe perguntou o que é que ele tinha feito.
Ele lá explicou que as portas estavam todas abertas, que tinha sido levado pela curiosidade...
Mas Deus interompeu-o :
---Não é isso. Eu quero saber é o que é que fizeste ao banquito onde costumo descansar os meus pés...
Reconfortado por aquela misericórdia divina diante da sua ousadia, contou então que tinha entrado no escritório e que tinha colocado os óculos, que tinha dado uma olhadela ao mundo, que pedia perdão do atrevimento...
Mas Deus insistia :
- Tudo bem. Não há nada que perdoar. Tomara eu que todos os homens vissem o mundo com os meus olhos ! O que eu quero é saber onde está o banquito no qual costumo descansar os pés.
Agora, sim, sentia-se totalmente à vontade. E então contou a Deus a cena do seu sócio, a tremenda injustiça que ele estava para fazer, o enorme desejo de justiça que lhe subiu à alma, e como, sem pensar duas vezes, lhe tinha arremessado o banquito em cheio.
- Ah, não ! - disse-lhe Deus. Aí estás enganado. Tu não percebeste o principal : não percebeste que para usar os meus óculos... tinhas que ter o meu coração ! Imagina se eu, de cada vez que vejo uma injustiça na terra, disparasse bancos na cabeça de quem a comete..., onde é que ainda havia homens e mulheres no mundo ?!
Não, meu filho. Não. É preciso ter muito cuidado em usar os meus óculos se não se está seguro de ter também o meu coração. Só tem direito a julgar o que tem o poder de salvar.
(adaptado de Mamerto Menapace, in www.buenasnuevas.com

(CONTINUA)

domingo, 6 de novembro de 2011

Sentir o frio

Esta história decorre no século XIX numa aldeia russa, durante um inverno muito frio, tão frio, tão frio que os pobres sofriam ainda mais do que o habitual.
O rabino escolheu um dos dias mais gélidos para procurar o único judeu rico do povoado, homem famoso pela sua avareza. Bateu à porta, e foi o próprio quem veio abrir. Era, seguramente o único individuo da aldeia a não vestir mais do que uma camisa dentro da casa, tal era a qualidade do aquecimento interior. - Faz favor de entrar, rabi !Está muito quentinho cá dentro.
- Não, não, não vale a pena ! Não demoro mais do que um minuto.
E o rabino encetou uma longa conversação com o homem, perguntando-lhe novidades de cada membro da família. O homem batia os dentes, porta sempre aberta, insistindo incessantemente com o rabino para que entrasse, mas este recusava sistemáticamente.
- E o primo do seu cunhado, que foi para a cidade, como é que ele está ? - continuava o rabino...
O homem estava roxo de frio.
- Finalmente, rabi, qual o motivo da sua visita ? - acabou por perguntar.
- Vim com o intuito de lhe pedir dinheiro para comprar carvão para os pobres da aldeia.
- Pois bem, então vamos entrar, falamos melhor sobre isso no quentinho...
- É que, se eu entro, sentamo-nos junto à lareira, ficamos aquecidos, e quando eu lhe explicar que os pobres têm frio, o senhor não irá compreender. Vai-me dar 5 rublos, quando muito 10. Mas, assim cá fora, sentindo um pouquinho de frio, estou certo de que o senhor vai compreender melhor...
O homem ofereceu 100 rublos ao rabino, ficando feliz não fosse pelo facto de poder fechar a porta e voltar a sentar-se junto à lareira.

Acabámos de ver nesta história como é importante as pessoas aproximarem-se umas das outras . O rabino para obter aquilo de que precisava obrigou o rico a sentir na pele o frio de que todos os habitantes estavam a passar. Ele ao aproximar-se passou a ver as coisas segundo a perspetiva do lugar onde se encontrava o rabino e todas as pessoas da aldeia, só assim mudou a sua atitude.
Aproximar-se dos outros e saber escutá-los é ... ver pela perspetiva do outro, é sair dos meus poderes para as limitações em que o outro está.
Vamos pois aproximar ainda mais das pessoas, dos mais desfavorecidos, dos mais necessitados, dos mais pobres e levar-lhes um pouco de alegria,um sorriso, uma palavra amável, um gesto amigável. Assim unidos a Jesus que veio despojado de todo o poder, exceto do poder de amar, de amar muito, de amar com inteligência, com afeto poderemos construir o verdadeiro Reino de Deus.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Há males que vêm por bem

Jorge, quando criança, precisou fugir da guerra com os seus pais. Na fuga, sofreu um acidente que o marcou por muitos anos. Sem poder tratar-se convenientemente, foi ficando corcunda e disforme. Esse defeito físico chamava a atenção, despertando compaixão em alguns, e provocando riso em outros. Conseguiu estudar e formar-se professor. Mas não conseguiu fazer amigos. Era respeitado, mas não amado. Vivia isolado. Parecia haver um muro, separando-o da sociedade. Isso deixava-o revoltado consigo e com os outros. Um dia, saindo da escola bastante contrariado e chateado, esbarrou sem querer numa jovem, derrubando-a no meio da rua. Ao ver o desastre que sua precipitação havia causado, voltou-se confundido, e procurou socorrer a rapariga. Só então reparou que era cega. Ela tremia de medo. Os joelhos sangravam.
A bengalinha tinha saltado para longe. Então Jorge colocou-a num táxi e levou-a para sua casa, até que se refizesse do choque. Deu-lhe um calmante, dizendo : - Desculpe-me. Eu estava muito chateado, e muito revoltado com a vida. - Você não tem culpa, atalhou ela. Isto tudo aconteceu porque eu não enxergo. Ambos culpavam-se mutuamente. Desse incidente desagradável nasceu uma simpatia tão irresistível que se transformou em amizade. E depois em amor. Não deu outra : Alguns meses depois, eles encontraram-se no altar para nunca mais se atropelarem.


É assim a nossa vida , quantas coisas nos têm acontecido na nossa vida que à partida parece ser um mal, mas que afinal era um bem escondido ? E pelo contrário quantas vezes nos tem acontecido coisas desagradáveis , que mais tarde vimos que foi bom ter acontecido porque obtivemos outras bem melhores.

Senhor, aumenta a nossa fé em tua Providência. Tu somente sabes tirar proveito do mal que nos vai acontecendo, tu somente sabes escrever direito por linhas tortas, transformar a morte em ressurreição.


Ámen

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quando fores julgado

No final dos tempos virá o Senhor...e todos seremos julgados...

Quando fores julgado

* Deus não te vai perguntar que tipo de carro costumavas guiar, mas vai-te perguntar quantas pessoas que necessitavam de ajuda tu transportaste.
* Deus não te vai perguntar qual o tamanho e beleza da tua casa, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter uma casa para se abrigar.
* Deus não te vai fazer perguntas sobre as roupas do teu armário, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter com que vestir.
* Deus não te vai perguntar quanto dinheiro te veio parar às mãos, mas vai-te perguntar se tu comprometeste a tua honra para obtê-lo.
* Deus não te vai perguntar quantas promoções recebeste, mas vai-te perguntar de que forma tu ajudaste a promover os outros.
* Deus não te vai perguntar quantos amigos tinhas, mas vai-te perguntar para quantas pessoas foste amigo.
* Deus não te vai perguntar o que fizeste para protejer os teus direitos, mas vai-te perguntar o que fizeste para garantir os direitos dos outros.
* Deus não te vai perguntar se as pessoas gostavam de ti, mas vai-te perguntar se gostavas delas.


Whit Criswell

* Deus não te vai perguntar se gostaste de ler isto, mas o que fizeste para que outros também o lessem.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

NOVEMBRO

Para este dia de Todos os Santos deixo aqui este lindo texto de Phil Bosmans para meditar.






"Cemitérios engalanados com crisântemos brancos. A morte vestida de flores. Os mortos e os vivos reunidos, por momentos, no mesmo lugar. Procuram-se, pensam uns nos outros, mas não podem encontrar-se. A angústia da morte destrói a alegria de viver. A morte é o todo-poderoso desmancha -prazeres que estraga qualquer sentimento de satisfação, destrói qualquer certeza e obstrui o órgão que me faz aspirar o gozo da existência. Ninguém sabe como tratar a morte.
Não se fala dela; esquecemo-nos dela. Mal acaba de passar o cortejo fúnebre, recomeça logo o trânsito normal. Não devo afastar de mim os pensamentos sobre a morte. Assemelhar-me-ia ao avestruz. É melhor fazer esta pergunta fundamental:

"É ou não é a morte o fim de tudo?"

Se é o fim, assume o caráter de uma terrível mutilação; se não é, a minha morte adquire uma dimensão extraordináriamente nova. Um sereno confronto com a morte - esse momento crítico da minha vida que terei de enfrentar sozinho - situa-me perante tudo ou nada, perante o sentido ou sem-sentido da minha existência. Ou Deus ou o vazio infinito. O segredo da vida e da morte coincide com o mistério de Deus. Assim como o meu "eu" pessoal, único, irrepetível não encontra qualquer explicação satisfatória na Física, na Química ou na Biologia, assim também não encontro uma resposta sobre Deus com o método das Ciencias Naturais. Só tenho nas mãos uma coisa: a esperança. A esperança que, até ao meu último alento, me dá a alegria de viver."



(in Amar de Phil Bosmans)