Deus criou o homem porque adora histórias. (E.Wiesel)
Espalhe amor por onde quer que vá : Primeiro que tudo na sua própria casa. Dê amor aos seus filhos, à sua esposa ou ao seu marido, ao vizinho do lado... Não deixe que alguém saia junto de si sem ir melhor e mais feliz. Seja a expressão viva da bondade de Deus ; bondade no seu rosto, bondade nos seus olhos, bondade no sorriso, bondade na sua saudação calorosa.
(Madre Tereza)


domingo, 18 de maio de 2014

A barra de ferro

A BARRA DE FERRO

Era uma vez um jovem chinês que, embora tenha sido mais tarde um grande poeta, quando era criança não foi precisamente um bom estudante. Preferia estar na rua a jogar.
Certo dia,  ao sair para as suas brincadeiras, passou junto de um rio onde estava uma idosa. A mulher estava a esfregar uma barra de ferro contra uma rocha. O jovem, estranhando, perguntou-lhe:
- Que está a fazer, avozinha?
A idosa continuou a esfregar sem olhar para ele e disse-lhe:
- Estou a fazer uma agulha para coser.
O jovem, visivelmente admirado, disse:
- Mas é uma barra de ferro! Como é que se pode transformar numa agulha?


A idosa olhou-o sorrindo e disse-lhe:
- Se hoje esfrego, amanhã esfrego e faço assim durante algum tempo, a barra irá tornando-se cada vez mais fina até se converter numa agulha.
Depois de ouvir a anciã, o jovem pensou;
«É verdade que, fazendo um trabalho com persistência, haverá um momento em que conseguimos o nosso objectivo». A partir de então, continuou a ser mais persistente nos estudos e tornou-se num grande poeta.
(Conto popular chinês)

 Pois é amigo ouvinte; isto é uma história, um pouquinho exagerada: não há dúvida que esta velhinha era mesmo optimista...

Esfregar a barra de ferro para fazer dela uma agulha... não lembraria ao diabo. É uma história... E como todas estas histórias que aqui lhe conto, na sua rádio, de 2ª a 6ª feira, o que conta não é a história mas a moral da história... Mas não é verdade que se todos tivermos um pouquinho de mais persistência... que somos capazes de operar verdadeiros milagres?
Pense nisto.
(padre Júlio Grangeia)


domingo, 11 de maio de 2014

O escorpião

O Escorpião

Um monge sentou-se a meditar na margem dum ribeiro. Quando abriu os olhos, viu um escorpião que tinha caído na água e lutava por sobreviver. Cheio de compaixão, o. monge mergulhou a mão na água, agarrou o escorpião e pô-lo a salvo na margem.
O  insecto, como recompensa, de repente picou-o provocando-lhe uma grande dor.
O monge, restabelecido da valente picadela, fechou os olhos e continuou a sua meditação. Porém, quando abriu os olhos, viu que o escorpião tinha caído de novo à água do ribeiro e debatia-se com todas as forças. Encheu-se de compaixão e, pela segunda vez, o salvou. E desta vez o escorpião voltou a picar no seu salvador.
A mesma coisa aconteceu pela terceira vez. O escorpião foi salvo e, como recompensa, deu uma valente picadela no monge. Este tinha lágrimas nos olhos pela dor causada.

Um camponês, que tinha assistido à cena, aproximou-se do monge e perguntou-lhe:
- Por que é que insistes em ajudar essa miserável criatura que, em vez de te agradecer, só te faz mal?
O monge respondeu:
- Porque seguimos ambos a nossa natureza.
O escorpião é feito para picar e eu sou feito para ser misericordioso.
* * *
Você que é  um ser humano, uma pessoa... a sua natureza impele-o a fazer o quê?
Não somos nós seres relacionais e que dialogam com os outros?
Então...por que não seguimos a nossa natureza e nos transformamos tantas vezes numa natureza de escorpião?
(histórias do padre Júlio Grangeia)

NINHOS


NINHOS

Um Presidente de Câmara mandou podar todas as árvores de um parque da cidade.
Quando os funcionários terminaram, os inspectores municipais foram analisar o trabalho realizado. Para surpresa de todos, algumas árvores tinham apenas sido podadas em parte, dando um aspecto irregular e anti-estético.
Choveram as criticas ao Presidente por parte da oposição por tão lamentável estado em que tinha ficado o parque.

Um responsável chamou os funcionários que tinham feito a poda, e disse-lhes meio indignado e sem mais explicações:
- A partir deste momento ficam despedidos sem direito a ordenado.
Ao chegar a casa, a adolescente, filha do Presidente da Câmara deu-lhe um grande abraço e disse-lhe com emoção:
-  Pai és maravilhoso! Obrigada por  teres respeitado os ramos das árvores que tinham os ninhos dos passarinhos. As minhas  amigas felicitaram-me por ter um pai tão sensível e tão bom.


Pois é,
Várias conclusões se poderiam tirar desta história: Uma delas, se calhar, é que, e como se costuma dizer, "cada cabeça cada sentença!"
Estamos numa sociedade plural, em que muitos, ou quase todos, pensam pela sua própria cabeça e agem em conformidade...
Podemos não concordar... até porque não somos obrigados a dizer "Amén" a tudo, só porque fica bem... mas, pelo menos,  respeitar...mesmo que não pensemos da mesma forma, não será a atitude mais sublime?


(histórias do padre Júlio Grangeia)

domingo, 13 de abril de 2014

O Farol Luminoso

Era uma vez um farol que vivia num alto de um rochedo junto ao mar. Estava triste porque não sabia para que servia. Queria saber qual era a sua tarefa ali em cima, mas não tinha ninguém que lho dissesse.
Por isso, todas as vezes que via um barco no horizonte, fazia-lhe rapidamente sinais de luz para que viesse vê-Io. Mas o barco afastava-se dele a toda a pressa.
Todos os dias e todas as noites acontecia o mesmo. Quando via um barco a aproximar-se, fazia-lhe sinais luminosos para que viesse fazer-lhe companhia e conversar um pouco.
Mas o barco saía disparado na direcção contrária.
O pobre farol estava cada vez mais triste e desanimado. Todos fugiam dele quando o viam. Pensava que não servia para nada e que estava a perder o tempo. Por isso, deixou de fazer sinais aos barcos, porque achou que era inútil.
Alguns dias depois, notou que um barco se aproximava dele. Não podia acreditar. Nunca tinha visto nenhum barco tão de perto. De repente, o barco ficou encalhado em cima de umas rochas próximas da costa. Escutou vozes e sirenes, e viu uns pequenos botes que saíam do barco para a praia.


O farol não entendia nada do que se estava a passar. Por isso, escutou atentamente o que diziam aqueles homens que estavam na praia. Como o vento soprava dali, conseguiu escutar com nitidez as suas palavras.
Diziam que, por causa do farol avariado, tinham encalhado naquelas rochas. Ninguém os tinha avisado do perigo.
Nesse momento, o farol compreendeu qual era a sua tarefa e por que é que os barcos nunca se aproximavam dele.
Sentiu-se tão feliz ao saber por que servia, que a sua luz voltou a acender- se e foi a mais brilhante de todos os mares. E todos os barcos viam ao longe a sua luz, que os livrava dos perigos.
 * * *
Esta história simples do farol pode também a nós, dar-nos um grande ensinamento. Às vezes, há muitas pessoas e até coisas importantes a que nem sempre damos a importância que elas tem. E é quando falham, quando desaparecem ou quando morrem que finalmente lhes damos o devido valor... só que, nessa altura, já é tarde.
Mais do que lamentar a perda... não será antes preferível reconher o valor das pessoas ou coisas enquanto estamos a tempo?
Pensemos nisto!
Bom domingo de Ramos

(histórias do padre Júlio grangeia)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Obrigado

Obrigado

Uma professora pediu aos alunos da primeira classe que desenhassem alguma coisa pela qual sentissem desejo de agradecer ao Senhor. Pensou que estas crianças iriam ter uma certa dificuldade em encontrar razões de louvor, pois eram de bairros muito pobres. Mas certamente que iriam encontrar razões para agradecimento.
A professora ficou admirada por ver o Rui a desenhar, de maneira infantil, uma simples mão.
Pegou no desenho e perguntou aos alunos o que representaria este desenho abstracto. Um deles disse:
-  Na minha opinião, é a mão de Deus que nos criou.



Um outro disse:
- Deve ser a mão de um camponês, que trabalha a terra e dá de comer aos animais.
Um  outro disse:
-Talvez seja a sua própria mão.
Quando terminou o diálogo, a professora aproximou-se do Rui e perguntou-lhe baixinho de quem era a mão. Ele murmurou:
- É a tua mão, professora!
Foi então que ela se recordou que todas as tardes pegava no Rui pela mão e o acompanhava até à saída. Fazia o mesmo com outras crianças, mas para o Rui significava muito..

* * * * 
Pois é, há tantas palavras que dizemos, tantos gestos que mostramos... que às vezes nem damos conta do mal que fazemos ou do bem que deixámos por fazer...
Quantas vezes, por outro lado, beneficiamos da ajuda dos outros, e com a desculpa que "nós somos assim" e de que ele já sabe, acabamos muitas vezes por não dizer uma palavra muito simples mas que pode fazer a diferença...
Por que não dizemos obrigado a quem é simpatico para connosco; a quem nos faz bem?
Custa alguma coisa?

(histórias do padre Júlio Grangeia)



segunda-feira, 31 de março de 2014

O velho e o violino

O velho e o violino

Num leilão foi apresentado um velho violino já de cordas desapertadas. O leiloeiro pensou que não valia a pena perder muito tempo com o velho violino mas apresentou-o e disse Quanto dais por este violino? Comecemos por 5 euros!  

Uma voz disse: 
- 10 euros!


Depois alguém disse 20 euros e assim sucessivamente.
A um certo momento, levantou-se um homem de cabelos brancos e pediu para pegar no instrumento. Disse que era violinista. Pegono arco. Com um lenço limpou o pó ao violino, estendeu as cordas, pegou nele com energia e tocou uma melodia pura e doce como o canto dos anjos.
Quando a música terminou, o leiloeiro, levantando o violino com o arco, disse:
- Quanto me ofereceis pelo velho violino? 500 euros? 1000 euros? Quem dá mais? 2500 euros? Está vendido.
As pessoas aplaudiram mas perguntaram:
- O que é que mudou o preço ao violino?
A resposta do leiloeiro foi rápida:
- O toque do mestre! Foi o toque que deu valor ao instrumento.

Pois é, amigo! Não haverá por aí, nesta nossa vida, mesmo, se calhar, à nossa volta,  muitos "violinos" que ninguém dá valor...porque não há quem tenha a coragem de lhe tocar... ? Não haverá à nossa volta gente válida que é posta a um canto porque ninguém quer perder tempo em mostrar o seu valor?
E você, amigo ouvinte? Porque toca ferrinhos... quando se calhar tem jeito para violino?
Pense nisto!
(adapt. histórias do padre Júlio Grangeia)


terça-feira, 25 de março de 2014

A ordem do Rei

A ordem do Rei

Era uma vez um rei que não gostava de mendigos nem de estrangeiros e por isso um dia ordenou que estes fossem expulsos do seu reino. Não suportava vê-los  nas ruas.
A partir desse dia, todos os seus súbditos deviam levar no braço um número para serem reconhecidos como cidadãos do reino.
A ordem cumpriu-se escrupulosamente e, em poucas semanas, tinham acabado os estrangeiros e os mendigos.
Um dia, o rei saiu para dar um passeio a cavalo pelo campo. Mas uma grande tempestade surpreendeu-o e o seu cavalo espantou-se com um trovão. Começou a correr descontrolado e o rei nada pôde fazer para parar o animal. Chovia torrencialmente e o cavalo continuava a correr sem parar.
Ao chegarem a uma sebe, o cavalo saltou e o rei caiu num charco cheio de barro ficando inconsciente.
Passou a tempestade e veio o sol. O rei continuava deitado no chão e inconsciente. Por casualidade, passaram por ali uns guardas seus a patrulharem a zona. Ao vê-lo deitado no chão, foram ver o que tinha acontecido. Estava sujo e manchado de barro. Tentaram reanimá-lo mas não conseguiram. Para os guardas não havia dúvidas, era um mendigo fugitivo que estava bêbado como uma pipa. Era mais que evidente. Além do mais, era um estrangeiro, pois não levava nenhuma marca no braço.
Levaram-no então de rastos até à fronteira do reino e lançaram-no para longe.
Quando o rei acordou, não sabia onde estava. Depressa deu-se conta que não estava no seu reino. Foi indignado à fronteira para entrar e pedir explicações pelo acontecido. Mas os guardas, ao vê-lo chegar tão sujo, deram-lhe uns pontapés.


Ele insistia, protestando:
- Eu sou o rei e o que me estais a fazer é intolerável!
Contudo, os guardas não fizeram caso algum. Troçando dele, disseram-lhe:
- Além de seres mendigo estrangeiro, estás louco. O nosso rei não quer nada contigo. Sai daqui.
E atiraram-lhe pedras. O rei começou a chorar amargamente. Tinha caído na sua própria ratoeira. Agora, por onde quer que fosse, seria sempre um mendigo e um estrangeiro. Um excluído da sociedade.
* * * 
Esta história que nunca aconteceu... afinal de contas, e bem vistas as coisas,  está sempre a acontecer. Sempre que excluímos alguém, da nossa família, do nosso grupo, dos nossos amigos, estamos a contribuir para que, mais dia menos dia, nos aconteça algo de semelhante também  a nós.
Pois é! Essa coisa de “não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti”... tem muito que se lhe diga, não tem?
Muito que se lhe diga e dá que pensar, não lhe parece?


(histórias do padre Júlio Grangeia)

sábado, 22 de março de 2014

QUERENDO DAR 0 MELHOR

Querendo dar o melhor

Um casal de velhos tomava café no dia das suas bodas de ouro. Nessa manhã, a mulher passou manteiga na parte crocante do pão, e estendeu-a para o marido, ficando ela com a parte do miolo.
Pensou ela:"Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo tanto o meu marido, que durante estes cinquenta anos dei-lhe sempre o miolo. Entretanto, hoje acho que mereço satisfazer o meu desejo.  "
Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso.
  • Obrigado por este presente, meu amor - disse ele. - Durante cinquenta anos, sempre quis comer a côdea do pão. Mas como tu gostavas tanto, eu por amor nunca te ousei pedir.

Quando se ama, quando se fazem as coisas com amor e por amor, quando se pensa mais no outro do que em nós, acontecem coisas muito bonitas.
Você que dá, por amor,  o melhor a quem ama... pense nesta história. É que se calhar não é só você que está a fazer sacrifícios... por amor; Se calhar o outro também está a fazer o mesmo...


domingo, 16 de março de 2014

Ver de longe

Ver de longe

Uma criança que habitava na planície estava fascinada pelas montanhas lá longe no horizonte. Estas eram azuladas, leves, compactas, apareciam-lhe como um lugar paradisíaco. Eram tão diferentes da terra áspera e cinzenta onde vivia.
Um dia, já crescida, cedeu ao fascínio do horizonte e decidiu pôr-se a caminho. A viagem durou muito tempo através de planícies e colinas.


Extenuada, chegou finalmente ao cimo das montanhas, mas constatou com profunda desilusão que as montanhas não eram azuis mas cinzentas e rochosas, áridas e ásperas. Precisamente como a terra que tinha deixado. Mas no horizonte delineavam-se outras montanhas azuis, violetas, iluminadas por uma luz doirada. E voltou a partir.
Foi preciso andar muito tempo. Mas, à medida que se aproximava, o azul e a violeta desapareciam para dar lugar ao cinzento das rochas e ao amarelo da erva seca. Mas no horizonte havia azul e rosa. E pôs-se de novo a caminho.
Era sempre uma nova desilusão. Um dia, visto que era vã a sua procura, decidiu voltar para trás.
E eis que todas as terras que tinha deixado eram azuis, leves, mergulhadas numa encantadora luz doirada.
* * * 
Esta criança acabou por descobrir que a sua terra, vista de longe, também parecia bela. Era apenas uma questão de perspectiva.
Às vezes, lamentamo-nos com a nossa sorte porque a vida dos outros parece-nos muito melhor que a nossa...e acabamos por não valorizar o bem que está, às vezes, tão pertinho de nós... sem nós darmos por isso!
E é  só quando perdemos o que temos é que acabamos por lhe dar o devido valor. Pense nisto...

( in histórias do padre Júlio Grangeia)


segunda-feira, 10 de março de 2014

A princesa

A Princesa

Era uma vez um rei que tinha uma filha muito bela e inteligente. Sofria, porém, de uma misteriosa doença. Muitos médicos tentaram curá-Ia, mas em vão.
Um dia, chegou ao palácio um velho, do qual se dizia que conhecia o segredo da vida. Todos acorreram a pedir-lhe que curasse a princesa cada vez mais doente.
O velho deu à menina um cesto de vimes coberto com um pano e disse-lhe:
- Pega lá e cuida dele. Irá curar-te.
Cheia de alegria, a princesa tirou o pano e o que viu entristeceu-a. No cestinho estava deitada uma criança doente, mais infeliz e sofredora que ela.
A princesa deixou-se comover. Apesar dos seus sofrimentos, pegou nela e começou a curá-Ia. Passaram os meses: a princesa não via outra coisa senão aquela criança. Alimentava-a, acariciava-a, sorria-lhe. Velava junto dela durante a noite, falava-lhe com ternura. Apesar de tudo isto lhe custar um cansaço intenso e doloroso.
Sete anos depois, aconteceu algo de incrível. Uma manhã, a criança começou a sorrir e a caminhar. A princesa deu-lhe a mão e começou a dançar, rindo e cantando. Leve e belíssima como há muito tempo não acontecia. Sem se dar conta  também ela se tinha curado.

* * * 
A princesa encontrou a cura dos seus males cuidando de alguém que estava pior que ela: a criança do cesto. Se continuasse deprimida a pensar na sua doença, estaria cada vez pior. A princesa, ao esquecer-se de si própria, para amar o outro, deu vida a quem precisava e  encontrou a vida para ela que estava perdida.
Pois, é uma história engraçada e que nos faz pensar muito, porque está cheia de ensinamentos.
Não acha?


( in histórias do padre Júlio Grangeia)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Eram nossos amigos...

ERAM NOSSOS AMIGOS

Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! 

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... 

(Adaptação da poesia original ERAM NOSSOS AMIGOS de A. Falcão - Poeta do sol, 21/04/08)

Almany Falcão - Poeta do sol

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O leão de pedra

O leão de pedra

Era uma vez um estudante de dezasseis anos que teve um sonho. Sonhou que um leão, com as suas garras, o devorava. Teve um grande susto.
Na manhã seguinte, partiu com os seus colegas de escola para um passeio a uma cidade desconhecida. Certamente que aí não haveria leões à solta!
Ainda assustado pelo efeito do sonho, o estudante foi visitar um palácio. Ao chegar à praça circundante, viu um leão de pedra que rugia para o céu com a boca bem aberta. Disse ele:
- Ah! Eis o meu leão. O que me devorou esta noite!
Contou o sonho aos amigos. Depois, rindo-se, para demonstrar que não acreditava nos sonhos, aproximou-se do leão:
- Reconheces-me, leão? Acorda! Move os maxilares e morde-me se puderes.
Dizendo isto, enfiou a mão na garganta de pedra e estendeu-a até ao fundo...
Gritou de medo e de dor. Depois retirou de repente a mão ensanguentada e atirou-se ao chão.
Um enorme escorpião, que tinha o seu ninho no fundo da garganta de pedra, tinha-lhe trespassado a mão com a sua picadela venenosa.

 Ao contar-lhe esta história não é para lhe dizer que devemos acreditar em sonhos mas é, antes, para reflectir sobre uma outra realidade.
Às vezes, deixamo-nos levar pelas aparências e acabamos por sofrer grandes desilusões.  O estudante da nossa história ao ver o leão de pedra deixou-se levar pelas aparências: O leão era de pedra; não lhe poderia fazer mal! Enganou-se: Dentro do leão de pedra, inofensivo, estava um ninho de escorpiões venenosos...
Pois é! Nem tudo o que parece é; E às vezes há coisas que não parecem ... e são!
Não será tempo de olhar as coisas com olhos de ver?
Já o tenho repetido muitas vezes aqui este pensamento. Hoje não resisto a contá-lo de novo. É de A. St Exupéry: “Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos...”
Pense nisto!


(histórias do padre Júlio Grangeia)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O que vai volta

O que vai volta

Chamava-se Fleming, e era um pobre camponês que vivia na Escócia. Um dia, quando andava nos campos, ouviu um grito de socorro vindo de um pântano próximo. Largou tudo e correu para o pântano. Foi então que viu, enterrado até ao peito um rapazinho aterrorizado, lutando em vão para se libertar da  lama que o engolia. Fleming lançou uma corda que trazia ao rapaz, e salvou-o assim do que seria uma morte horrorosa.  No dia seguinte uma carruagem ricamente aparelhada parou à porta da choupana do camponês, e de lá saiu um nobre ricamente vestido, que se apresentou como sendo o pai do rapaz que Fleming tinha salvo.
-"Quero pagar-lhe porque você salvou a vida do meu filho" -disse o nobre.
"Não posso aceitar"- foi a simples resposta do agricultor.
Nesse momento um rapaz simples apareceu à porta do casebre. "
É o seu filho? "- perguntou o nobre.
"É, sim", respondeu o fazendeiro orgulhoso.
- "Deixe-me então fazer-lhe uma oferta. Já que não quer aceitar nada deixe-me que pague os estudos ao seu filho, tal como vou pagar ao meu. E se rapaz for como o pai não tenho dúvidas de que vai dar um homem do qual nós dois nos havemos de orgulhar".


E assim foi feito: o filho do pobre camponês foi educado nas melhores escolas, acabando por se formar em Medicina.
O nome deste rapaz? Sir Alexander Fleming,precisamente aquele que descobriu a Penicilina...
Anos mais tarde o nobre - o pai do rapaz que tinha sido salvo do pântano - caiu doente com pneumonia. Era uma doença muito grave nesses tempos. Mas a recém descoberta Penicilina salvou-o.
 O nome deste nobre? Lord Randolph Churchill.
O nome do seu filho? Sir Wiston Churchill, que dirigiu a Inglaterra  nos dificílimos tempos da Segunda Guerra Mundial.
Alguém disse: o que se faz de bem ...volta sempre!


Uma boa história nesta quarta-feira cinzenta e chuvosa que nos faz pensar e refletir, não acha?
(in histórias do padre Júlio Grangeia)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O cobrador

O cobrador

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo voltavam ao casebre, seguindo por uma longa estrada. 
Ao passarem próximo a uma moita  ouviram um gemido.
Verificaram e descobriram, caído, um homem. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próximo do coração.
O homem tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência. Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram
Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca.
Disse que conhecia o seu agressor, e que não  descansaria enquanto não se vingasse.
Disposto a partir, o homem disse ao sábio:
- Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo minha vida.
Tenho que partir e levo comigo a gratidão pela bondade que teve para comigo. Agora tenho de ir  ao encontro daquele que me atacou; vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.


O mestre olhou fixo para o homem e disse:
- Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz.
O homem ficou assustado e disse:
- Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!
- Se não podes pagar pelo bem que recebestes, com que direito queres cobrar o mal que te fizeram?
O homem ficou confuso e o mestre concluiu:
- Antes de cobrares alguma coisa, procura saber quanto deves.

Não cobres pelas coisas más que te aconteçam nessa vida, pois a vida pode cobrar-te tudo quanto deves.
E com certeza vais ter pagar muito mais caro.

De Pia Steiner
 

Mais uma História que nos deve fazer pensar a todos um bom bocado neste dia cinzento de terça-feira, não lhe parece?
(in histórias do padre Júlio Grangeia)



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O quarto Rei Mago

O quarto Rei Mago

É comum vermos quadros com os três sábios do Oriente que foram a Belém visitar o Menino Jesus, presenteando-o com ouro, incenso e mirra. Normalmente, os magos costumam ser representados como reis, embora não conste nos evangelhos que realmente o fossem, e estão diante do Menino que se encontra no colo de Maria. Há muitas lendas a respeito desses sábios. Transcrevo aqui, uma delas de origem dinamarquesa.
Gaspar, Melchior e Baltasar – nomes que a tradição popular dá aos três personagens – colocaram seus presentes diante do Menino e de sua Mãe. Maria sentiu-se honrada, mas Jesus não quis sorrir: não se sentiu atraído pelo ouro luzente; a fumaça do incenso o fez tossir, e desviou o olhar da mirra.
Os três reis magos levantaram-se e partiram. Logo que seus camelos desapareceram entre as colinas, chegou o quarto rei. Vinha de um país banhado pelo Golfo Pérsico. Também vira a estrela iluminando o céu. Escolheu, então, um presente raro: três grandes pérolas. Saiu decidido a procurar o lugar sobre o qual brilhava a estrela.
Encontrou-o, mas chegou tarde... Os outros magos já haviam partido. Chegou atrasado e de mãos vazias.
Esse quarto rei entrou cuidadosamente na gruta onde estavam o Menino Jesus, Maria e José. Anoitecia e o local estava mergulhado na escuridão. Um fraco odor de incenso mantinha-se no recinto, como uma igreja após uma Missa festiva. José ajeitava a palha na manjedoura e o Menino Jesus estava no colo da mãe. Ela o embalava docemente e sussurrava uma das canções de ninar que ainda hoje se ouvem nas casas de Belém.
O rei da Pérsia aproximou-se lentamente, hesitante, temeroso... Lançou-se aos pés do Menino Jesus e começou a dizer-lhe : "Senhor, eu devia ter vindo com os outros reis que vos trouxeram seus dons. Eu também trazia um presente para vos oferecer: três pérolas preciosas, grandes como ovos de pássaro; três pérolas do Mar Pérsico. Não já não as tenho Senhor. Acontece que, na primeira noite, parei num albergue, para ali passar a noite. Quando entrei, vi um velho tremendo, com febre, estendido no chão, junto ao fogo. Ninguém o conhecia. Sua mala estava vazia. Não tinha dinheiro para procurar um médico ou para comprar remédios. Seria mandado embora dali no dia seguinte. Pobrezinho! Era um senhor muito velho, magro, com uma barba grande... lembrava-me meu pai. Então, peguei uma pérola e a dei ao dono do albergue para que cuidasse daquele senhor.
Na manhã seguinte, parti. Apressei-me quanto pude para alcançar os outros magos. A estrada cortava um extenso deserto, onde enormes rochas se erguiam diante de mim. De repente, ouvi gritos. Saltei de meu camelo e vi soldados que haviam prendido uma jovem. Eram numerosos; não adiantaria querer lutar contra eles, para libertá-la. Perdoe-me, Senhor, mas com a segunda pérola consegui a liberdade da moça. Ela beijou-me as mãos e, muito rápida, fugiu em direção das montanhas.
Sobrara-me apenas uma pérola. Eu queria trazer-lhe ao menos aquela. Já era mais de meio-dia e eu esperava chegar aqui à tarde. Mas vi uma vila incendiada pelos soldados de Herodes, que executavam a ordem de matar todas as crianças com menos de dois anos de idade. Perto de uma casa em chamas, um soldado balançava um menino nu, segurando-o por uma perna. A criança gritava e se debatia. O soldado dizia: "Agora o mandarei para as chamas". A mãe gritava desesperada.
Senhor, perdoe-me... Peguei a última pérola e a dei ao soldado, para que ele devolvesse o filho à mãe. Ele aceitou minha proposta. A mãe agarrou o menino, apertou-o contra o peito e fugiu correndo, sem mesmo se despedir de mim. Senhor, eis porque minhas mãos estão vazias. Perdoe-me!"
Fez-se um silêncio na gruta. O rei inclinou-se e depois ousou erguer os olhos. José tinha-se aproximado com uma xícara de chá. Maria olhava o filho que estava no seu colo. Será que o Menino dormia? Não! Jesus não dormia. Lentamente virou-se para o visitante. Seu rosto resplandecia. Estendeu as mãozinhas na direção do quarto mago do Oriente e sorriu.
Boas Festas e um Feliz Ano Novo



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A ilha dos sentimentos

A ilha dos sentimentos

Era uma vez uma Ilha onde moravam todos os sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Vaidade, a Sabedoria o Amor e outros...Um dia avisaram os moradores da Ilha de que ela seria inundada! Apavorado, o Amor cuidou para que todos os sentimentos se salvassem. Então ele disse: fujam!!! A Ilha vai ser inundada! Todos correram e subiram para os barquinhos para irem até um morro bem alto. Só o Amor não se apressou...amava tanto a Ilha que quis ficar um pouco mais...
Quando já se estava a afogar, correu para pedir ajuda...Vinha vindo a Riqueza e ele disse: Riqueza levas-me contigo? – Não posso, meu barco está cheio de prata e ouro...tu não cabes aqui...Passou a Vaidade e o Amor pediu: Vaidade, levas-me contigo? – Não posso, tu vais-me sujar o meu barco novo...Em seguida passou a Tristeza e mais uma vez o Amor pediu: Leva-me contigo! – Ah! Amor! Eu estou tão triste que prefiro ir sozinha...Passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem viu o Amor...! Já desesperado e achando que iria ficar só, o amor começou a chorar...

Por último passou um velhinho e, olhando, falou: Sobe Amor...eu levo-te! O Amor ficou tão feliz que esqueceu de perguntar o nome do velhinho!!!Por fim, chegando no morro alto, o Amor encontrou a Sabedoria e perguntou-lhe: Quem era aquele velhinho que me trouxe até aqui? – O Tempo! Respondeu a Sabedoria.-O Tempo? Mas por que só o tempo me trouxe até aqui? A Sabedoria respondeu: Só o Tempo é capaz de reconhecer um grande Amor...!


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

As 4 estações

As quatro estações

Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local.
O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono.
Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.
O segundo filho disse que ela estava recoberta de botões verdes e cheia de promessas.
O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto.

O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas…
O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore…
Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos no fim, quando todas as estações estiverem completas.
Se você desistir quando for Inverno, você perderá a promessa da Primavera, a beleza do Verão, a expectativa do Outono.

Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.
(autor desconhecido)